O desafio da responsabilidade do ecossistema

Integração e Inter-relação: palavras-chaves do ecossistema

Luciana Braun Reis

Um ecossistema pode ter várias dimensões, em ambientes naturais ou empresariais. Uma palavra-chave é inter-relação – ou seja, relação mútua: quem é e o que cada participante faz, sua função, seu impacto e principalmente, qual a conexão de um com o outro.

O todo do conjunto está nas partes e as partes estão no todo. Isso reflete em sua abundância e, infelizmente, em escassez. Você pode se perguntar por que alguns lugares têm atmosfera positiva, atraem tudo que dá certo, são ágeis, de fácil evolução e maximização dos esforços e projetos? E por que outros travam? Respondo colocando luzes em três aspectos (embora não sejam os únicos).

Primeiro, no auto-desenvolvimento e responsabilidade dos participantes para a abundância. O que leva ao próximo passo, o trabalho em conjunto, em conexão nas inter-relações e, por isso, valorizando o ambiente empresarial e social. Visto que já aprenderam, talvez por observação ao ambiente natural: a inexistência de um, por menor que seja, fragiliza em escala a existência do maior. É quando aparece a escassez. Mas ao invés de olhar para ela, as decisões em direção à abundância precisam rumar às convergências – em um debate um não precisa perder para outro ganhar. Existem os acordos, que são as melhores alternativas possíveis negociadas em prol do fortalecimento de ambos. A relação é ganha-ganha.

O que leva ao terceiro aspecto, a responsabilidade principal de as coisas acontecerem, ou não, está no próprio ecossistema e na sua visão do todo. É viável alcançar com inteligência e estratégia de conjunto, resiliência e reação aos cenários adversos. O que funcionou antes, como esperar por um grande articulador, dificilmente acompanhará a velocidade das mudanças que já estão em curso ou que ainda acontecerão.

Então, ao mapear o mercado do pescado no Estado, observou-se como os elos da cadeia produtiva coexistem. O ecossistema está posto, aliás, sempre está, porém, desconectado. Não é preciso criar mais estrutura governamental ou privada, e sim amarrar pontas soltas do que existe, buscar a visão do processo e a responsabilidade de cada um. Nesse cenário surge o projeto Peixaria[1], com o objetivo de articular, mobilizando a cadeia do pescado do Rio Grande do Sul, aproximando produtor, indústria, varejo e consumidores. Um desafio ao cenário, à conexão e ao entendimento da consciência do ecossistema em si.


[1] Facebook: #peixaria2019

https://www.sympla.com.br/peixaria-desafio-gastronomico-universitario__574471

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – Oportunidade ou Chatice?

Luciana Braun Reis[1]


Um dos ambientes mais dinâmicos e inovadores é o ambiente acadêmico: escolas, faculdades, universidades. Não importa o ciclo de aprendizado ou o tamanho da instituição. À sua maneira, um espaço de aprendizagem é um espaço e tempo de inovação. Sobretudo porque há uma agenda de questionamento circulando em seminários, palestras, workshops, conversas informais, e claro, em cada aula. Existe um clima que estimula as trocas, os acréscimos de experiências, as reflexões em torno de novas perguntas construídas por alunos e professores, que se fortificam na pluralidade de formações, origens, idades, pensamentos.

Nesse cenário, o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é uma oportunidade de inovar sem igual, pois alunos põem a mão na massa em um projeto alinhado aos seus interesses e inquietações. Além disso têm à sua disposição a mentoria docentes com afinidade no tema escolhido. O percurso dependerá conforme foi o desenvolvimento e envolvimento do estudante até então: estudos, compromissos ou simples curiosidade.

Durante o TCC há possibilidade de ampliar o entendimento de um tema e área de estudo, acessar entrevistados notáveis, respondentes e ligar-se a um networking de colaboração em torno do projeto. Isso pode ser o início de um aprofundamento ainda maior em outro nível acadêmico, publicações e até oportunidades profissionais. Isso tudo porque o aluno se modificou pelo conhecimento da trajetória acadêmica e se desenvolveu à medida que avançava em sua pesquisa.

Reforço: o TCC é uma oportunidade de inovação. Talvez aquela que você tanto quer e ainda não fez. Por isso não o encare como uma chatice, apenas como algo a vencer para a formatura. É o seu momento. Então prepare-se e será uma experiência enriquecedora e disruptiva para essa e outras situações da vida em que levar a atmosfera crítica e inovadora dos teus estudos para outros lugares fará a diferença.

[1] Publicitária, Especialista em Marketing, Mestre e Doutora em Comunicação.
Professora universitária, Palestrante e empreendedora na Sai Dessa – Consultoria em Economia Criativa.

Texto originalmente publicado no Jornal do Comércio, Geração E, em 18/04/2019. Jornal Impresso e Digital (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/ge/noticias/2019/04/677349-trabalho-de-conclusao-de-curso-oportunidade-ou-chatice.html)

Você faz parte da Economia Criativa?

Economia Criativa (EC) é um conceito relativamente novo no mundo e mais recente ainda no Brasil. Desde a primeira década dos anos 2000, ouve-se sobre o tema por aqui. A partir de 2010 a pauta ganhou fôlego em vários eventos do Rio Grande do Sul. Mas o que você tem com isso?

Inicialmente pode-se pensar que a Economia Criativa é relevante apenas para áreas e profissões que envolvem, por exemplo, arte, música, dança, entre outras, porque as pessoas que trabalhavam nestas áreas eram/são denominadas criativas. Entretanto, criatividade é característica essencial para encontrar e solucionar problemas, independente da área e profissão.

A EC é a economia do conhecimento, da informação, das relações de sentido, na qual o que se troca nas relações sociais e econômicas depende essencialmente desses fatores. É também responsável pela ampliação de cenários alicerçados em 4 pilares norteadores: inovação, diversidade cultural, sustentabilidade, inclusão social.

A criatividade atrai colaboração, uma vez iniciada, torna-se cada vez mais dinâmica e faz crescer ciclos virtuosos. Lugares, empresas e organizações que apostaram na aprendizagem da economia criativa como geradora de valor têm renda e desenvolvimento superiores às áreas vinculadas somente à economia tradicional.

Por fim, encontrar algumas pessoas para conversar e colaborar é o início de uma jornada muito compensadora, de autodesenvolvimento e qualificação de si e do ambiente em que se vive.

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Luciana Braun Reis – Publicitária, Especialista em Marketing, Mestre e Doutora em Comunicação. Empreendedora Criativa na Sai Dessa – Economia Criativa